sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fisioterapia precoce pode prevenir o linfedema durante o primeiro ano após cirurgia de câncer de mama


Olá peopleeee,
Foi publicado recentemente No British Medical Journal, o artigo "Effectiveness of early physiotherapy to prevent lymphoedema after surgery for breast cancer: randomised, single blinded, clinical trial",
Que pode ser traduzido como "Efetividade de fisioterapia precoce na prevenção do linfedema após cirurgia de câncer de mama: Um estudo clínico cego e randomizado."

Algumas informações para situar o leitor quanto a importância deste trabalho:
O linfedema de membro superior é a complicação crônica mais significativa do tratamento de câncer de mama, sendo causado por um dano no sistema linfático, levando à retenção de líquidos e inchaço do braço. Afeta cerca de 71% das mulheres nos primeiros 12 meses após a cirurgia de câncer de mama e pode causar, além da alteração estética do braço, repercussões emocionais como ansiedade e depressão.

Portanto, não é preciso ser nenhum candidato ao prêmio Nobel para deduzir que o linfedema de membro superior afeta diretamente a qualidade de vida destas mulheres, desta forma sendo um assunto de extrema importância.

Este estudo analisou os efeitos da fisioterapia precoce, ainda nas primeiras três semanas pós cirurgia de câncer de mama. Foram identificadas 120 mulheres que haviam sido submetidos a cirurgia que envolveu a remoção dos gânglios linfáticos. Esta amostra foi dividida em dois grupos:

GRUPO INTERVENÇÃO:
Sessenta pacientes receberam fisioterapia precoce + informações sobre linfedema em três sessões semanais durante as três primeiras semanas após a cirurgia.

GRUPO CONTROLE:
Sessenta pacientes receberam apenas orientações sobre linfedema.

Para os fins deste estudo, a intervenção de fisioterapia incluiu drenagem linfática manual, massagem de tecido cicatricial e exercícios para o ombro. E as informações sobre linfedema foram feitas por meio de materiais educativos sobre o sistema linfático e conselhos sobre como evitar acidentes e prevenir a infecção.

Os dois programas duraram apenas três semanas e as pacientes foram reavaliadas na quarta semana após a cirurgia, mas o acompanhamento não parou por aí não. Elas foram novamente reavaliadas três, seis e 12 mês após a cirurgia. Acho importante relembrar que apesar do acompanhamento se extender por doze meses, o grupo intervenção só fez fisioterapia nas três primeiras semanas de acompanhamento.

116 mulheres completaram o período de um ano de acompanhamento. Destas, 18 (16%)desenvolveram linfedema secundário: 14 no grupo controle (25%) e quatro no grupo de intervenção (7%). Essa diferença foi estatisticamente significativa.

Logo de cara podemos concluir que a fisioterapia parece funcionar bem nestes casos. Afinal de contas, um quarto das mulheres do grupo controle desenvolveram linfedema ao longo do primeiro ano após a cirurgia, em comparação com apenas 7% do grupo intervenção.

Sem dúvida este estudo é encorajador e marca importantes pontos a favor de nossa profissão. Mas como toda boa pesquisa científica, para cada pergunta respondida, dúzias de novas questões são levantadas:
Qual parte do tratamento de fisioterapia foi o mais importante - o exercício, a massagem ou a drenagem linfática?
Todas as mulheres precisam de tratamento três vezes por semana durante três semanas, ou será que obtém os mesmos resultados com um tratamento menos intenso?
Ainda sobre a intensidade, será que um tratamento menos intensivo, porém mais prolongado, digamos: uma sessão por semana ao longo de nove semanas reduziria os casos de linfedema ?
Será que os efeitos benéficos duram mais de um ano?
Todas as mulheres com câncer de mama podem se beneficiar deste tratamento, ou apenas aquelas que têm um certo número de linfonodos axilares removidos?

Precisamos de mais pesquisas para responder a estas importantes questões.
Alguém se habilita?