segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cirurgia e Fisioterapia na Lesão do Ligamento Cruzado Anterior



Muscle Strength and Functional Performance in Patients With Anterior Cruciate Ligament Injury Treated With Training and Surgical Reconstruction or Training Only: A Two to Five-Year Followup.

Força Muscular e Desempenho Funcional em Pacientes com Lesão no Ligamento Cruzado Anterior Tratados com Treinamento e Reconstrução Cirúrgica ou Apenas Tratamento: Um Acompanhamento de 2 Anos - - - - Este é o pomposo título do trabalho publicado este mês na Arthritis and Rheumatism. Finalmente tive acesso ao artigo e já fiz o upload pra minha pasta no 4share. Achei o trabalho realmente interessante. Segue a tradução do resumo e de parte da conclusão. Para quem domina o inglês, recomendo a leitura do trabalho na íntegra.


RESUMO:

OBJETIVO. Estudar a força muscular e o desempenho funcional de pacientes com lesão no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) com e sem reconstrução cirúrgica 2 a 5 anos pós lesão. Uma boa função muscular é importante para prevenir osteoartrose precoce, porém o papel da cirurgia de reconstrução na restauração da força muscular ainda não é claro.

MÉTODOS: De 121 pacientes com lesão no LCA incluídos em um estudo clínico randomizado avaliando treinamento e reconstrução cirúrgica versus apenas treinamento, 54 (média de idade no followup 30 anos, variando entre 20-39, 28%mulheres) foram avaliados em média 3 a 0.9 anos após a lesão utilizando uma bateria de testes confiáveis, válidos para força (extensão e flexão de joelho, “leg press” e desempenho no salto (salto vertical, salto em uma perna, salto lateral). Os valores absolutos e o valor do índice de simetria de membros (ISM; perna lesionada dividido pela não lesada e multiplicada por 100) foram utilizados para comparação entre grupos (análise da variância). UmISM >90% foi considerado normal.

RESULTADOS: Não houve diferenças entre os grupos de tratamento cirúrgico e não cirúrgico em relação à força muscular ou desempenho funcional. Entre 44% e 89% dos indivíduos apresentaram função muscular normal no teste isolado, e entre 44% e 56% apresentaram função normal na bateria de testes.

CONCLUSÃO: A ausência de diferenças entre pacientes tratados com treinamento e reconstrução cirúrgica e aqueles com apenas tratamento, indica que a cirurgia de reconstrução não é um pré-requisito para a restauração da função muscular. Função muscular anormal encontrada em aproximadamente um terço dos pacientes pode ser um indicativo de futura osteoartrose de joelho.


DISCUSSÃO:

Os principais achados deste trabalho foram que não houve diferenças entre os grupos de tratamento cirúrgico e não cirúrgico em relação à força muscular ou desempenho funcional entre 2 e 5 anos após lesão do LCA; que aproximadamente dois terços dos pacientes recuperaram a função muscular em um teste isolado; e que aproximadamente metade dos pacientes tinham recuperado função normal na bateria de testes.

(...) A maior limitação dos estudos anteriores que investigaram a função muscular com e sem reconstrução cirúrgica era de que não eram estudos controlados (a saber: a decisão entre tratar pacientes com ou sem cirurgia era desconhecida). O ponto forte de nosso estudo é de que todos os pacientes pertenciam a um estudo clínico randomizado. (...)

Concluindo, não houve diferença entre os pacientes tratados com treinamento + cirurgia e aqueles tratados com treinamento apenas em relação à força muscular ou desempenho funcional 2-5 anos após a lesão. Isto indica que a cirurgia de reconstrução não é um pré-requisito para a restauração da função muscular. Entretanbto, um terço dos pacientes não recuperaram função normal no salto em uma perna ou nos testes de força muscular, e aproximadamente metade dos pacientes não haviam recuperado a função normal nas baterias de testes de força e salto. Função muscular anormal nestes testes pode ser um importante preditor de de futura osteoartrose após lesão no LCA.