segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Prova comentada do Concurso da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil - Parte 2 questões 31 a 40


31. A inclinação da curva pressão-volume, ou a alteração de volume por unidade de alteração de pressão é conhecido como:
A) Difusão
B) Resistência
C) Complacência
D) Elastância
E) Ventilação
A complacência é a distensibilidade dos pulmões, da parede torácica e do sistema respiratório. Descreve a relação entre um dado volume e um gradiente de pressão necessário para produzir essa mudança de volume, sendo calculada usando a seguinte equação: Complacência = Variação do Volume/ Variação da Pressão, sendo expressa em cm de H2O.
Gabarito: Alternativa C
Para saber mais sobre cálculo da resistência, ventilação e elastância, sugiro a leitura dos links abaixo.
Link1: Princípios fisiológicos da assistência ventilatória mecânica do recém-nascido
Link2: Dúvidas freqüentes no módulo Sistema RespiratórioLink Principais fórmulas para avaliação de pacientes na UTI
Link3: Principais fórmulas para avaliação de pacientes na UTI



32. Pacientes com lesão da medula espinal variam quanto à função respiratória, em decorrência do grau de déficit neurológico. Para pacientes com déficit significativo, a reabilitação respiratória é um determinante importante na obtenção do seu nível funcional máximo. Nesses pacientes, a diminuição da ventilação ocorre como resultado da “diminuição da força”, “diminuição da mobilidade torácica”, e “higiene brônquica inadequada”, por comprometimento do diafragma e músculos acessórios. Em relação ao diafragma, sabe-se que é um músculo em forma de abóbada, que se origina na face dorsal do processo xifóide, últimas seis costelas e corpos e processos transversos das vértebras lombares superiores, sendo inervado pelas raízes nervosas de:
A) C1 a C3
B) C2 a C6
C) C2 a C5
D) C3 a C6
E) C3 a C5
De C3, C4 e C5 originam-se ramos que se unem para formar o frênico, que inerva o diafragma. O ramo de C5 é uma contribuição acessória, pois este nervo pertence ao plexo braquial.
Gabarito: Alternativa E
Link1: anatomia do plexo cervical
Link2: outro texto sobre anatomia do plexo cervical


33. Observe a figura abaixo.A figura mostra o registro do espirômetro obtido quando um indivíduo inspira maximamente, e a seguir exala tão forte e completamente quanto ele seja capaz de fazê-lo.De acordo com os dados apresentados, correlacione os parâmetros espirométricos listados na coluna da esquerda com seus respectivos significados e/ou diagnósticos funcionais, apresentados na coluna da direita.
1-Volume expiratório forçado (VEF1.0)
2-Capacidade vital forçada (CVF)
3-Volume expiratório forçado (VEF1.0) e Capacidade vital forçada (CVF) reduzidos
4-Volume expiratório forçado (VEF1.0) muito mais reduzido do que a Capacidade vital forçada (CVF), causando um baixo VEF1.0/CVF%.

( ) Doenças obstrutivas
( ) Doenças restritivas
( )Volume exalado no primeiro segundo
( ) Volume total exalado na expiração

A seqüência correta é:
A)3-4-2-1
B)4-3-2-1
C)3-4-1-2
D)4-3-1-2
E) 1-2-4-3

Essa é basicamente uma questão de decoreba. A figura apresentada foi retirada do livro Fisiologia Respiratória Moderna , autor: John B West, capítulo 10 – Testes de Função Pulmonar. Segue abaixo um trecho deste capítulo:
O volume exalado no primeiro segundo é chamado volume expiratório forçado ou VEF1.0, e o volume total exalado é a Capacidade Vital Forçada ou CVF. Normalmente a VEF1.0 corresponde a cerca de 80% da CVF. Na doença, dois padrões gerais podem ser identificados. Em doenças restritivas, tanto o VEF1.0 quanto a CVF estão reduzidos, mas caracteristicamente a relação VEF1.0 / CVF % está normal ou aumentada. Em doenças obstrutivas, o VEF1.0 está muito mais reduzido do que a CVF , dando uma baixa relação VEF1.0 / CVF %.
Assim, agora a correlação ficou fácil né?
Gabarito: Alternativa D
Na coluna ao lado, tem um link para download deste livro em espanhol.



34. Leia o texto abaixo.Os alvéolos consistem em pequenas evaginações dos bronquíolos respiratórios, ductos e sacos alveolares. Como alvéolos adjacentes dividem uma parede comum, seus formatos e suas dimensões variam de acordo com o arranjo dos alvéolos adjacentes e o volume do pulmão. O fenômeno no qual um aumento de volume em um alvéolo tende a aumentar o volume nos alvéolos adjacentes, é chamado ____________. Um mecanoismo semelhante aumenta o diâmetro do lúmen das vias aéreas distais que estão cercadas e limitadas pelos alvéolos. Além disso, os alvéolos adjacentes comunicam-se entre si através dos canais chamados __________ e com bronquíolos entre si através dos_____________
A seqüência correta que complementa corretamente as lacunas é:
A) Interdependência – canais de Lambert – poros de Kohn
B) transdução - canais de Lambert – poros de Kohn
C) Interdependência – poros de Kohn – canais de Lambert
D) translocação – canais de Lambert – poros de Kohn
E) translocação – poros de Kohn – canais de Lambert


O enunciado desta questão induz ao erro ao relatar que “os alvéolos adjacentes comunicam-se entre si através dos canais” na verdade, comunicam-se por poros.
Vamos começar cm algumas considerações sobre a interdependência alveolar. A interdependência é um mecanismo que contribui para a estabilidade dos alvéolos. Todos os alvéolos, exceto aqueles localizados na periferia pulmonar adjacentes à pleura, são rodeados por outros alvéolos. Neste tipo de esrutura, qualquer tendência de um grupo de alvéolos de se colapsar ou expandir relativo aos outros alvéolos em volta sofrerá oposição. Por exemplo, se um grupo de alvéolos tiver uma tendência ase colapsar, grandes forças expansoras agirão sobre eles, pelo fato do parênquima circunjacente ser expandido.
Este suporte oferecido às unidades pulmonares por aquelas que a rodeiam é denominado interdependência.
Quanto aos poros de Kohn e os canais de Lambert, uma forma fácil de memorizar sua estrutura basta lembrar que os alvéolos estão tão próximos um do outro que não há espaço para se colocar um canal (e nem necessidade), pois estão tão próximos que basta um poro para eles se comunicarem. Mas se o alvéolo precisar se comunicar com um bronquíolo (que está mais longe) aí sim vc usa um canal. Sacou?
Gabarito: Alternativa C


35. A pressão positiva ao final da expiração (PEEP) é um recurso freqüentemente usado durante a ventilação mecânica invasiva. Contudo deve-se ter atenção em relação ao uso indiscriminado da PEEP, pois ela altera diretamente a relação V/Q por atuar no aumento do espaço morto fisiológico proporcionando:
A) elevação da pressão média intratorácica, diminuindo a ventilação alveolar efetiva.
B) manutenção da pressão média intratorácica, aumentando a ventilação alveolar efetiva.
C) manutenção da pressão média intratorácica, diminuindo a ventilação alveolar efetiva.
D) elevação da pressão média intratorácica, aumentando a ventilação alveolar efetiva.
E) diminuição da ventilação alveolar efetiva, diminuindo a ventilação alveolar efetiva.
Esta questão, apesar do enunciado rebuscado, exige do candidato conhecimentos básicos sobre os efeitos fisiológicos da PEEP. Ao final de uma expiração normal, a pressão alveolar iguala-se à do ambiente externo. Ora, se ao final da expiração eu imponho uma pressão positiva (e este é o objetivo da PEEP), então nesta nova condição, a pressão alveolar é superior à do ambiente. Considerando o tórax como um compartimento fechado, nesta nova condição, o aumento da pressão alveolar influencia a pressão intratorácica aumentando-a
Gabarito: Alternativa D
Sugiro a leitura do texto sobre PEEP neste link


36. Relacione os modos ventilatórios listados na coluna da esquerda com seus respectivos efeitos/objetivos, apresentados na coluna da direita.
1- VAPS
2- PSV
3- PRVC
4- PAV
( )modo ventilatório de controle dual, que é capaz de modificar os padrões de fluxo dos ciclos assistidos e controlados.
( ) combina as vantagens de um fluxo inspiratório desacelerado do modo controlado à pressão com predeterminação do volume corrente.
( ) ciclado a fluxo, em que a pressão inspiratória predeterminada é mantida constante até que o fluxo inspiratório caia em torno de 25% do valor máximo alcançado no início da inspiração.
( ) modo ventilatório espontâneo, desenvolvido para melhorar a interação paciente/ventilador através da oferta de fluxo e pressão inspiratória de maneira proporcional ao esforço instantâneo do paciente.
A sequência correta é:
A) 4-3-2-1
B) 1-3-2-4
C) 4-2-1-3
D) 3-1-4-2
E) 1-2-3-4
Se eu for explicar cada um dos modos ventilatórios desta questão, eu não saio daqui hoje. De qulquer modo, é uma questão que exige que o candidato conheça ao menos por alto os modos ventilatórios.
Gabarito: Alternativa B


Link: III concenso brasileiro de ventilação mecânica


37. O desmame ventilatório é o processo transitório entre o suporte da ventilação mecânica artificial e a respiração espontânea, que pode ser realizado de maneira súbita ou gradual. Sabe-se que o fisioterapeuta é um profissional que constitui a equipe no auxílio ao paciente em desmame. Vários critérios são considerados essenciais para o sucesso do desmame ventilatório, que consiste em tentar relacionar parâmetros importantes, a fim de chegar cada vez mais próximo à certeza de um desmame com sucesso. Dentre eles pode-se citar o índice Fracional do Ciclo Respiratório (IFCR). A alternativa que apresenta a correta relação entre IFCR e sua respectiva fórmula é:
A) Os conceitos de demanda/capacidade ventilatória relacionando a intensidade e duração da contração muscular – Ti / Ttot.
B) A eficácia da mecânica respiratória através da razão entre o tempo inspiratório e o tempo total do ciclo respiratório – Ti / Ttot.
C)A relação entre a freqüência respiratória espontânea e o volume corrente espontâneo – Fr/Vc.
D) Os conceitos de demanda/capacidade ventilatória relacionando a intensidade e duração da contração muscular – Fr/Vc.
E) a eficácia da mecânica respiratória através da razão entre o tempo inspiratório e o tempo total do ciclo respiratório – Fr/Vc.
Devo ser sincero, nunca ouvi falar desse tal índice Fracional do Ciclo Respiratório.
Uma pesquisa no Google sobre Tins/Ttot revelou que este índice existe (não é reconhecido pelo pomposo nome de IFCR) e é utilizado no desmame. Entretanto, o índice de respiração superficial ou índice de Tobin (FR/VC), que avalia o endurance diafragmático, também é bem conhecido. Assim excluem-se as alternativas C,D e E
Quanto à alternativa A, eu diria que a relação demanda/capacidade ventilatória estão mais relacionados à fórmula FR/VC, portanto eu a consideraria errada (infelizmente eu não tenho uma explicação melhor, mas quem quiser complementar sinta-se à vontade para deixar um comentário)

Gabarito: Alternativa B
Link: Sugiro a leitura destes índices


38. Dentre as técnicas de desobstrução brônquica, a que vem sendo estudada na Europa e Oceania desde 1980, como importante recurso deste tratamento, e que consiste na aplicação terapêutica e periódica ou intermitente de resistor de limiar pressórico do tipo gravitacional à fase expiratória do paciente, chama-se:
A) pressão positiva contínua nas vias aéreas.
B) respiração com pressão positiva intermitente.
C) ventilação com pressão positiva intermitente.
D) oscilação oral de alta freqüência.
E) espirometria de incentivo.


Para responder a esta questão, o candidato tem de inicialmente saber o que é um “resistor de limiar pressórico do tipo gravitacional”. Este resistor nada mais é do que o bom e velho flutter. Tudo bem, sei que flutter é o nome comercial do aparelho, mas em minha defesa devo dizer que todo mundo manda “xerocar” um livro e usa gillete no barbeador. Mas voltando ao assunto: Quando um paciente usa o flutter, ele está na verdade realizando uma manobra de oscilação oral de alta freqüência. Para saber mais tem um excelente artigo no link abaixo.
Gabarito: Alternativa D

Link: Oscilação de alta freqüência

39. Paciente J.A.S, masculino, 68 anos, raça branca, altura 1,68, peso 73kg, deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva com quadro de insufciência respiratória aguda, sendo prontamente intubado com tubo orotraqueal 7.5mm com cuff (20 cmH2O) e adaptado à ventilação mecânica invasiva em modo VCV com os seguintes parâmetros:
FR ajustada no VM = 18 irpm
Sensibilidade = 1 cmH2O
FiO2 = 100%
Vc = 460 ml
Fluxo inspiratório = 46 Lpm com onde decrescente
P.pico = 30 cm H2O
P. platô = 20 cm H2O
PEEP= 5 cm H2O.
Entretanto, após 3 horas de ventilação mecânica, um escape de ar ao redor do tubo endotraqueal é observado pelo fisioterapeuta. Ele observa que aproximadamente 35 cm H2O de pressão são necessários para insuflar o balonete e vedar o escape de ar (fuga aérea). A ação recomenda nesse caso é:
A) aumentar a pressão do cuff de 20 cm H2Opara 35 cm H2O.
B) tentar compensar a fuga aérea com aumento do volume corrente
C) indicar traqueostomia à equipe médica
D)trocar o modo ventilatório por pressão controlada
E)solicitar a troca do tubo orotraqueal por um de diâmetro maior
A pressão de perfusão da mucosa traqueal situa-se entre 30 e 40mmHg. Pressões superiores a estas aumentam a incidência de lesão traqueal. É recomendado que a pressão do balonete situe-se entre 25 e 34 mmHg
link: artigo


40. Evidenciam-se, na prática diária, efeitos desejáveis e indesejáveis quando se aplica qualquer forma de PSV. De acordo com vários autores, níveis de PSV acima de 10 cm H2O podem otimizar a função respiratória. A aplicação da técnica de bilevel traduz um compromisso clínico sistemático com ajuste de 2 níveis de pressão, denominada IPAP e EPAP. Sabe-se também que o valor final da PSV nesses sistemas de terapia é a diferença pressórica entre os níveis de IPAP e EPAP. Nesse contexto considere os itens abaixo.
1- aumento do Vc
2- diminuição do Vc
3- diminuição do trabalho respiratório
4- aumento do trabalho respiratório
5- aumento da PaO2
6- aumento da SaO2
7- melhora da complacência pulmonar
Um paciente está recebendo suporte não invasivo através do sistema bilevel, cujo equilíbrio o fisioterapeuta ajustou com um IPAR de 24 cm H2O e um EPAR de 16cm H2OOs efeitos produzidos especificamente pelo valor ajustado para EPAR encontram-se nos itens:
A) 4-5-6-7
B) 3-4-5-6
C) 2-3-5-6
D) 2-4-5-7
E) 1-3-4-5